Uma descoberta fascinante mostra que ouvir música ou tocar um instrumento pode retardar o declínio cognitivo à medida que envelhecemos, promovendo o aumento da massa cinzenta no cérebro. Estudo feito com 132 idosos, observando as reações deles com a prática musical e a cultura da música, indicam as mudanças.
Os pesquisadores de Genebra, na Suíça, acompanharam aposentados que nunca haviam praticado música antes. Estes participantes foram matriculados em um programa de treinamento de piano e conscientização musical por seis meses.
Ao final do programa, foi observado um aumento de 6% no desempenho da memória e uma redução geral na perda de massa cinzenta no grupo que aprendeu a tocar piano.
Resposta promissora
Embora as intervenções musicais não possam reverter o processo de envelhecimento cerebral, o estudo indica que a música pode ajudar na manutenção de um cérebro saudável
Os cientistas acreditam que elas podem prevenir o declínio em regiões específicas, especialmente em pessoas sem experiência musical que começam a tocar um instrumento na terceira idade.
À medida que envelhecemos, o cérebro perde uma característica essencial chamada “neuroplasticidade”.
A neuroplasticidade refere-se à capacidade do cérebro de se adaptar e funcionar em diferentes tarefas, fortalecendo as conexões neuronais existentes e criando novas para lidar com novas demandas.
Música cura
A equipe de pesquisadores da Universidade de Genebra decidiu investigar até que ponto a prática musical poderia prevenir a perda da memória associada ao declínio cognitivo relacionado à idade.
“Selecionamos participantes cujos cérebros não apresentavam sinais de plasticidade relacionada à aprendizagem musical”, disse Damien Marie, primeiro autor do estudo.
Foi aí que os estudiosos observaram os idosos que não tinham contato com música para que a amostra fosse o mais precisa possível.
“Mesmo uma breve experiência musical ao longo da vida pode deixar marcas no cérebro, o que poderia ter influenciado nossos resultados”, informou.
Resultados positivos
Divididos aleatoriamente em dois grupos cujos participantes foram escolhidos independentemente da motivação para aprender um instrumento. Em foi ensinada a prática de piano (grupo experimental) e, no outro a cultura musical (consciência auditiva musical, controle ativo).
As aulas tinham duração de uma hora e os participantes de ambos os grupos eram instruídos a praticar meia hora por dia em casa.
Após seis meses, os pesquisadores encontraram resultados bastante positivos nos cérebros dos pacientes que começaram a ouvir música.
“A neuroimagem revelou um aumento na massa cinzenta em quatro regiões cerebrais envolvidas no funcionamento cognitivo de alto nível em todos os participantes, incluindo áreas do cerebelo envolvidas na memória de trabalho”, disse Clara James, outra autora.
Ela ainda afirmou que, apenas com o uso da música, foi possível ver o estudo funcionar no cérebro dos voluntários.
“O desempenho deles aumentou 6% e esse resultado foi diretamente relacionado à plasticidade do cerebelo”, acrescentou.