Considerado um setor estratégico no combate aos efeitos econômicos do coronavírus, a agropecuária deve crescer 3,8% neste ano, avalia o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A informação esta em relatório divulgado pela instituição, em que analisa os efeitos da pandemia sobre a economia do Brasil.
“A produção de grãos, grande parte estabelecida no ano passado antes da eclosão da Covid-19 na China, e a importância estratégica da cadeia alimentícia para o enfrentamento dessa crise deverão garantir um bom desempenho do PIB Agropecuário, que estimamos em 3,8%, este ano”, explica o Instituto.
De acordo com a publicação, o desempenho deverá ser puxado pela produção de soja, que, nos cálculos do Ipea. Os segmentos de café e de proteína animal também devem contribuir com um bom desempenho da agropecuária brasileira mesmo diante das preocupações relacionadas ao coronavírus.
A projeção do Ipea é ainda mais otimista que a do Banco Central, divulgada na semana passada: uma expansão de 2,9% no PIB Agropecuário em 2020. A confirmar as expectativas de um ou de outro, em ano de pandemia e em uma perspectiva de retração econômica, o resultado seria até melhor que o do ano passado, quando foi registrado um crescimento de 1,3%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mas há ressalvas. Segundo o Ipea, ainda é prematuro quantificar os impactos da crise e seus efeitos sobre o agro. “Existe uma boa perspectiva em relação à retomada do mercado chinês. Ainda assim, riscos persistem, que demandam um acompanhamento permanente da evolução do mercado doméstico, onde se espera substituição no consumo de proteínas, caso se verifique alta de preços, priorizando proteínas com preços mais baixos”, diz.
À medida que a situação avança, as projeções devem ser atualizadas. E as diversas cadeias produtivas do agronegócio tem sentido diferente os efeitos da crise. Na soja, por exemplo, os preços internos vem sendo sustentados, principalmente, pela alta do dólar e pela demanda aquecida. Na pecuária bovina, há negociações com preços retornando a patamares superiores a R$ 200 por arroba.
Já setores como frutas e hortaliças e de flores têm sido mais penalizados. Os primeiros, com a queda na demanda no setor de food service, com bares, cafeterias e restaurantes, além das feiras livres, fechados. O último, principalmente, com a suspensão de eventos.
Em relação à logística, setores que dependem de contêineres refrigerados tem relatado menor disponibilidade desse tipo de estrutura para transportar suas mercadorias. A fruticultura, usuária do transporte aéreo, também enfrenta limitações.
Na segunda-feira (30/3), o ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas disse que o sistema está funcionando. E, embora reconheça que há escassez de contêineres refrigerados, o Ministério da Infraestrutura garante que os armadores estão se organizando, como afirmou à Globo Rural, o secretário de Portos, Diogo Piloni.
No âmbito da área da infraestrutura, foi formado um conselho com os secretários estaduais de transporte na tentativa de facilitar o diálogo entre a União e os entes federativos. E o Ministério da Agricultura formou um comitê de crise para monitorar a situação.
Fonte: GloboRural