O dólar recua contra o real, nesta terça-feira, 12, com a expectativa de que a economia volte a ganhar tração com o afrouxamento das quarentenas na Europa e nos Estados Unidos. Às 9h40, o dólar comercial subia 0,7% e era vendido por 5,785 reais.
A maior parte das atenções dos investidores está sobre o estado de Nova York, o mais atingido pelo coronavírus covid-19, com mais de 300 mil casos confirmados. Na véspera, o governador de NY, Andrew Cuomo, afirmou que três regiões do no norte do estado estão prontas para serem reabertas ainda nesta semana.
“Quando o investidor vê que a situação tende a se regularizar ele sai do dólar e olha para outros mercados. Os EUA estão com um cronograma de reabertura que está funcionando. Vamos ver se não vai ter alguma recaída”, disse Fabrizio Valloni, chefe da mesa de câmbio e sócio da Frente Corretora.
No exterior, moedas de países emergentes, como o México, Turquia, Índia e Rússia se valorizavam em relação ao dólar.
Embora o dólar também se desvalorize no Brasil, Velloni acredita que a atual taxa básica de juros, em 3% ao ano, dificulta a entrada de capital estrangeiro. “Não vamos atrair tanto capital quanto outros países emergentes, que possuem um risco/retorno maior. Ele vai pro México, que tem juros a 6,5% a.a. e tem melhor avaliação [por agências de risco] que o Brasil”, disse.
Nesta manhã, foi divulgada a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) da última reunião, da semana passada. No documento, o Copom voltou a citar que considera um “último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia”.
Mas Valloni vê mais uma redução da taxa de juros como uma decisão “equivocadíssima”, visto que os títulos brasileiros ficam tendem a ficar ainda menos atrativo para o investidor estrangeiro que busca ganhos com carry trade. A operação visa tomar dinheiro em países com juros menores e aplicar em economias que pagam maiores prêmios.
“Esse fluxo de dinheiro especulativo ajuda a tirar pressão sobre moeda local. Mas não vai trazer capital dessa forma. Vamos ter uma moeda mais pressionada que pares emergentes com risco/retorno melhor que a nosso.”