Cientistas da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, recriaram um remédio usado na Idade Média e ele demonstrou eficácia contra infecções atuais, no combate às superbactérias.
O estudo foi publicado esta semana no Scientific Reports, da revista científica Nature e o remédio medieval é conhecido como “Bald’s eyesalve”, ou “colírio de Bald”, em tradução livre.
Ele foi um medicamento usado 1.000 anos atrás e é feito a partir de cebola, alho, vinho e sais biliares.
A fórmula do remédio foi encontrada pela Dra. Freya Harrison, da Universidade de Warwick, na Biblioteca Britânica, em um dos primeiros textos médicos conhecidos. Estava escrito em inglês antigo: o “Bald’s Leechbook”, ou Livro dos parasitas de Bald.
Resultados
Os resultados dos estudos comprovam que o efeito bactericida do remédio antigo se estende contra vários tipos de bactérias que tendem a formar “biofilmes” em ferimentos.
Os biofilmes são comunidades de bactérias que produzem uma matriz extracelular protetora e são resistentes aos antibióticos.
A pesquisadora Jessica Pardoe e os colegas dela definem esta descoberta como “de fundamental importância”, uma vez que as infecções associadas aos biofilmes representam uma área particularmente problemática.
Estas infecções de difícil tratamento ameaçam desde o êxito das cirurgias de rotina até certas terapias contra o câncer.
Alho
O estudo também revelou que a potente atividade antibiofilmes do colírio de Bald não pode ser atribuída apenas a um ingrediente, como por exemplo, ao alho, mas à combinação de todos os ingredientes do antigo remédio.
Por isso, os autores destacam “a necessidade de explorar não apenas os compostos individuais, como também mesclas de produtos naturais para o tratamento de infecções por biofilmes”.
Diabéticos
“Existe um alto risco de que estas úlceras do pé diabético sejam completamente resistentes a qualquer tratamento com antibióticos. Logo, existe o risco de uma pessoa desenvolver sepse […] tendo que amputar um pé ou uma perna,” explicou a Dra Freya Harrison.
O colírio de Bald mostrou-se particularmente promissor para o tratamento das infecções associadas aos pés dos diabéticos.
Com informações da Nature e Diário da Saúde