Uma cientista brasileira, professora de biologia celular da Universidade de Southwestern, no Texas, EUA, lidera uma pesquisa que encontrou uma proteína chave para o tratamento da Covid-19.
Beatriz Fontoura está à frente do estudo que identificou a forma como uma proteína de coronavírus chamada Nsp1 bloqueia a atividade de genes que promovem a replicação viral.
O grupo de pesquisadores, do qual faz parte a cientista brasileira, analisou como impedir a ação dessa proteína que faz com que o vírus se multiplique o que dá esperança para novos tratamentos.
O estudo foi publicado agora em fevereiro na Science Advances .
“Quando um vírus infecta uma célula, a forma como a célula hospedeira reage é alterando as vias celulares de certa maneira que neutraliza a infecção viral”, disse Beatriz Fontoura a EurekaAlert. “Os vírus podem atingir muitas dessas vias para favorecer sua própria replicação”, explica.
Vírus da Gripe
Os pesquisadores da UT Southwestern acrescentaram outra peça a esse quebra-cabeça.
“Estudamos a proteína NS1 do vírus influenza que bloqueia a ação na célula. Decidimos, então, testar a proteína do coronavírus”, disse Ke Zhang, Ph.D., pesquisador de pós-doutorado.
O Nsp1 do coronavírus foi descrito como uma proteína multifuncional capaz de alterar a replicação viral e suprimir a produção de outras proteínas, algumas das quais estão envolvidas na resposta imune.
O grupo de Beatriz Fontoura procurou saber como o Nsp1 faz isso e se usa um mecanismo semelhante ao da proteína NS1 do vírus influenza.
Os cientistas descobriram que a proteína do coronavírus suprime a capacidade que a célula tem de responder à infecção viral, permitindo que o SARS-CoV-2 se replique.
Os pesquisadores se perguntaram o que aconteceria se Nsp1 pudesse ser impedida de realizar uma dessas funções?
Em um experimento, eles infectaram células com SARS-CoV-2 e adicionaram um excesso de NXF1, que é sintetizado dentro do núcleo das células, para ver se isso bloquearia a replicação do vírus.
Surpreendentemente, foi exatamente o que aconteceu.
Reforço celular
Quando as células tiveram acesso a mais NXF1 do que o vírus SARS-CoV-2 poderia suprimir, elas foram capazes de impedir a multiplicação do vírus.
“Se você encontrar uma maneira de bloquear a interação entre Nsp1 e NXF1 ou aumentar a quantidade de NXF1 na célula, obterá mRNAs do núcleo e poderá obter um efeito protetor, como sugerido por nossos experimentos”, diz Fontoura.
Os tratamentos COVID-19 se concentram no gerenciamento dos sintomas enquanto o corpo luta contra a infecção com suas defesas naturais.
Mais estudos
Uma área chave de interesse nas terapias virais é direcionar as células infectadas para impedir a replicação do vírus.
Focar em Nsp1 ou sua interação com NXF1 representa uma maneira possível de fazer isso.
“Ainda precisamos saber mais, como a estrutura do Nsp1 ligada ao NXF1, o que esclareceria como isso bloqueia a exportação de mRNA e como podemos revertê-la”, diz Zhang.
“A pesquisa é promissora, mas para desenvolver terapias no futuro, primeiro precisamos entender melhor o mecanismo”, garantiu Zhang.
Mesmo com a chegada das vacinas, o vírus continua se espalhando e há necessidade de desenvolver essas terapias alternativas.
Os cientistas esperam conseguir isso estudando como o SARS-CoV-2 infecta as células e se propaga, neutralizando o sistema imunológico natural do corpo.
Com informações da EurekAlert